Com quatro temáticas diferentes para uma data comemorativa no ano brasileiro, o novo trabalho de Vinces é dançante, divertido e importante.
É com uma levada tropical, letras reflexivas e uma estética indie, que o cantor e compositor Vinces nos apresenta seu som. Pode soar um pouco contraditório o ritmo dançante acompanhado de composições tristes, mas o artista afirma: “faço meu som para as pessoas dançarem com as histórias bads que tenho para contar”.
São histórias bads que nos identificamos, acho que não falo só por mim. Acredite, basta você escutar o EP “Festa”. Nele, cada uma das quatro músicas possuem o tema de uma data comemorativa – datas um tanto inusitadas para fazer músicas – do ano brasileiro. Ideia boa e criativa, concorda? Fica melhor ainda ao escutar esse som pop/indie/tropical.
Lançado numa quarta-feira de cinzas, “Depois do Carnaval” foi o primeiro single desse trabalho e é a música que abre o EP. Em um tom crítico na letra e dançante na sonoridade, a canção reflete sobre a rotina pós carnaval em um ano onde não se tinha muito o que comemorar.
Abril é o mês da mentira e aproveitando-se disso, foi lançado o segundo single do “Festa”, “Amor de Mentira”. Este, em parceria com o duo Voltare, canta sobre os falsos amores que vivemos na era virtual. Segundo Vinces, o eu lírico da canção é o típico último romântico que sabe rir das próprias desilusões.
Em maio, no mês do trabalhador, “Auê, Auê” critica a exploração dos trabalhadores brasileiros em seus cotidianos. Se você é trabalhador e mora no Brasil, com certeza vai se identificar com essa faixa que, apesar de abordar um tema sério, é embalada em um ritmo dançante. Diria que é a mais gostosa de ouvir nesse EP, por ter um som tão alto astral.
O fim dessa festa é dado pelo “Juízo Final”, a faixa inédita do EP lançado em agosto. Escrita por Vinces, em parceria com Davi Selingardi, a canção reflete sobre o fim do mundo, o dia do juízo final. “Devido a recente pandemia e toda crise política e social que vivemos, a ideia de cantar sobre o fim do mundo não poderia ser diferente: na melodia, um samba apocalíptico (…) na letra, a despedida, palavras que anunciam o fim coletivo, a finitude da vida”, explica o cantor.
Em resumo, “Festa” retrata a arte de Vinces, que faz letras tristes e críticas embaladas em melodias e ritmos dançantes. Nesse EP, ouvimos sua capacidade em deixar temas importantes nos atravessar de forma leve, é um jeito muito bonito de fazer arte. Além disso, é um ótimo convite para conhecer o som do artista e nos fazer ansiar por mais.