“Boletim Vermelho” é o nome do terceiro disco de Di Souza, e também um convite a uma reflexão crítica (e bem-humorada) sobre o sistema escolar. O álbum escancara a prepotência acadêmica e a arrogância linguística que, tantas vezes, servem para manter estruturas de opressão, silenciando vozes e saberes populares.
Nesse contexto, Di Souza era o “pior aluno”, acumulando repetências, até florescer no acolhimento de projetos sociais. Em 2023, fundou a sua própria escola, Percussão Circular, voltada para o ensino de musicalização e percussão. A proposta é uma experiência coletiva, lúdica e prazerosa. O artista tem se tornado peça fundamental na formação de novos percussionistas e na renovação da cena musical de Belo Horizonte.
No disco, a crítica ao sistema escolar se mistura a mergulhos em histórias de amor. Di Souza conta que “Boletim Vermelho” é fruto de um longo amadurecimento artístico. “Esse trabalho carrega a sonoridade mais elaborada de todos os trabalhos que eu já tive”, comenta.
Entre os destaques está a faixa “Pipoca e Sanduíche”, que tem a participação especial de Samuel Rosa. A música reafirma o lugar de Di Souza na cena musical mineira. Sem perder o lirismo lúdico, o humor afiado e o romantismo que marcam sua obra, o artista atualiza sua sonoridade e simboliza esse novo momento celebrando dez anos de trajetória desde o disco de estreia, “Não Devo Nada pra Ninguém” (2015).
Sobre o artista
Di Souza é um dos nomes mais expressivos da cena musical e carnavalesca de Belo Horizonte. Nascido na roça, criado na favela e hoje referência na cidade, é um multiartista com uma trajetória marcada pelo protagonismo cultural. Em 2015, lançou seu disco de estreia “Não Devo Nada pra Ninguém”, que definiu como “uma lúdica viagem ao que seria metamúsica”. Em 2021, em “Bloco da Saudade”, explorou as faltas e afetos da vida pandêmica, consolidando-se com sua composição sensível e potente.
Figura central do carnaval de rua mineiro, Di Souza participou ativamente do renascimento da folia em BH e foi um dos responsáveis pela criação de um dos maiores blocos da cidade, o “Então, Brilha”, onde atua como regente desde o início. Também esteve à frente da criação de outros sucessos da folia, como os blocos “É o Amô”, “Pisa na Fulô”, “Abre-Te Sésamo” e “Circuladô”.
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