“Espectros”: uma jornada sensorial entre som, imagem e experimentação

Ser levada pela narrativa e jornada que um álbum constrói faixa a faixa é uma das coisas que eu mais amo fazer na vida. É uma prática que me conecta com as partes que mais gosto de mim mesma. E a jornada que tive escutando ao disco de estreia do grupo Assombroso Mundo da Natureza com certeza me fez lembrar disso de uma forma muito única.

Na coluna de hoje, vou tentar te levar comigo por esses caminhos que o álbum “Espectros” me apresentou.

Na interseção entre som e imagem

Se você é daqueles que gosta de apreciar os detalhes de um trabalho bem pensado e construído, a produção e concepção do disco “Espectros” é um prato cheio.

O show de lançamento aconteceu no dia 5 de dezembro de 2025, em Porto Alegre (RS), acompanhado pela banda EX e por Zanettini.

O álbum possui uma proposta que une som, letra e imagem. As 8 músicas foram gravadas em áudio e imagem ao vivo, no dia 4 de setembro de 2025, no estúdio Trilha Hub. E tudo dentro de uma estética psicodélica que te hipnotiza – eu pelo menos fiquei vidrada.

Sei o que você pensou agora. Um disco de estreia de rock experimental com 8 videoclipes? Sim, é isso mesmo.  Segundo a banda, essa ideia veio de um “processo coletivo e espontâneo, guiado por improvisos, ensaios e por uma estética experimental que percorre todo o trabalho”.

O grupo é formado por Daniel Cândido de Bem na guitarra e voz, Ivan Lemos na bateria, Wender Zanon no baixo e Tomaz Borges no teclado. No álbum, o saxofone e a flauta ficam a cargo do músico convidado Gibran Vargas

E obviamente que as imagens feitas também carregam muito significado e intenção. Seja pelo fato de terem sido feitas por câmeras de épocas e resoluções diferentes, ou pelo fato de que os integrantes do grupo, como profissionais que trabalham com audiovisual, conseguem trazem essas diferentes referências de linguagem. 

O resultado? Recomendo que você confira, mas já posso te adiantar que é, no mínimo, autêntico

Experimental em todos os sentidos

Como disse no início desse texto, sou suspeita para falar de trabalhos com estética experimental, já que tenho uma queda por discos que se propõem a conduzir o ouvinte por uma jornada muitas vezes incerta nos primeiros momentos.

E “Espectros” consegue experimentar de diferentes formas. E experimenta muito bem.

A primeira vez que ouvi o disco foi no trajeto que faço diariamente da estação de metrô até a minha casa. E mesmo em meio ao caos das 18h em São Paulo, consegui ficar totalmente imersa pelo som. 

Esse trajeto que faço todos os dias dura em torno de 25 a 30 minutos. Mas, ouvindo ao álbum, ele pareceu durar 10. Cada faixa me fez entrar em um estado de flow – transe será? 

Dentro da mesma faixa, você é surpreendido por mudanças de estilo e ritmo que, de imediato, te causam estranhamento e certa desconfiança. Será que vai dar bom? E no final dá muito bom. A imagem que se formou na minha cabeça é o momento em que diferentes espectros de luz são gerados a partir de um prisma (não tinha como não pensar neles, né?).

Ao final da última música, “Bosque”, estava com uma sensação bem similar com aquela que se tem após ser levado por uma onda. Senti o impacto do disco.

Diferentemente de outros trabalhos que trouxe anteriormente aqui, “Espectros” não se propõe a contar uma história de início, meio e fim, mas sim te provocar para sentir aquilo que pode te levar a caminhos inesperados. E, a partir disso, trilhar sua própria trajetória.

Ele faz jus à uma das frases da canção “No Tempo Que A Gente Não Se Viu”: Doa a quem doer, dom é dom.

“Espectros” está disponível em todas as plataformas digitais.

Assista também aos vídeos de cada faixa: canal do YouTube da banda.

Ficha Técnica:

  • Lançado em: 27 de novembro de 2025
  • 8 faixas | 45m 14s
  • Mixagem e masterização: Diego Poloni
  • Produção e direção: Daniel Candido de Bem e Wender Zanon
  • Gravado em: estúdio Trilha Hub, 4 de setembro de 2025
  • Gravação por: Rodrigo Rysdyk
  • Cenografia: Sarah Escanhuella
  • Direção de Fotografia e Câmera: Nica Maleoa
  • Operação de Câmera: Pâmela Costa
  • Fotografia Still e de capas: Gabriela Fellin
  • Assessoria de imprensa: Leonardo Serafini
  • Assistentes de produção: Luiz “Cisco” e Ricardo Varela
  • Alimentação: Legumansa
  • Edição e Finalização de video: Daniel Candido de Bem

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