Apresentando beats eletrônicos cheios de brasilidade, o mais recente trabalho de Ângela Castro merece ser escutado!
A cantora, compositora e instrumentista Ângela Castro traz 20 anos de estrada musical na bagagem. A artista transitou por diversos projetos que marcaram a cena artística do Rio Grande do Norte, com destaque para as bandas Rosa de Pedra, Bando das Brenha, Orquestra Greiosa e o projeto Retrovisor. Em 2018, lançou seu primeiro álbum solo “Ângela Castro e Buena Onda”. Com influências de dub, afrobeat, rock e música eletrônica, o trabalho foi inspirado na MPB dos anos 70.
Em maio, foi lançado o single “Patuás, Fé e Orixás”, que deu início a essa nova era. A faixa traz referências à batida do funk carioca, representando a cara moderna e popular da nova música brasileira em uma roupagem pop e dançante. Não tinha como apresentar o futuro EP melhor, “Patuás, Fé e Orixás” foi um ótimo spoiler do que estava por vir.
Com cinco faixas, o EP “Caleidoscópica” foi lançado no dia 1° de julho e foi viabilizado com recursos da Lei Aldir Blanc Rio Grande do Norte. Sobre o processo de criação, Ângela conta que foi marcado por diversas experimentações com o produtor Gabriel Souto, que além de ser responsável pela sonoridade moderna do trabalho, também gravou alguns instrumentos. “Quando chamei Gabriel pra fazer o EP, queria a identidade sonora dele impressa em cada uma das composições que eu trazia. E assim foi acontecendo: a gente encontrava um caminho, aí ele seguia levando pro universo sonoro dos beats, das programações eletrônicas e dos sintetizadores e eu ia colaborando com alguns detalhes. E quando eu via, já estava tudo lindo”, relembra a cantora.
Durante esse processo, algumas canções passaram por uma metamorfose entre a criação original e o resultado final, como “Senhora”, primeira faixa do EP. Segundo Ângela, a música “surgiu como um xote falando sobre um amor entre 2 mulheres, que é um ato político só por existir. A canção foi inspirada pelo início do relacionamento com minha esposa”.
“Caleidoscópica” traz composições em parceria com Ricardo Baya (Senhora), Khrystal (Patuás, Fé e Orixás), Gabriel Souto (Querendo Paz) e Priscilla Villela (Todas Elas). Ângela assina todas as composições do álbum. No instrumental, Tiquinha Rodrigues toca violino em “Todas Elas” e participa do coro ao lado de Priscilla Vilela e Alice Vilela, que também recita o texto.
Ouvir todas as cinco faixas é uma experiência muito gostosa. As composições são poéticas e potentes, como podemos ouvir na última faixa “Todas Elas”: “Nós, eu sou todas elas / Sou filha das bruxas / Queimadas na Inquisição”. Em “Querendo Paz”, podemos nos identificar com a cantora nos versos “Tô querendo paz , tô querendo / Mas é tanta gente sofrendo / Eu não aguento mais”.
O EP é muito bem construído, as batidas eletrônicas provavelmente vão te colocar para dançar e as letras podem te pôr para refletir. Ouça “Caleidoscópica”!